100 Anos de Serviço Social Internacional

A história de Ellen e Nelly, órfãs, após a Segunda Guerra Mundial

Texto original de Ana María Baños Gómez, Estudante do 3º ano de Relações Internacionais e Comunicações, da Universidade Pontifícia Comillas, Madrid, Estagiária de Comunicações

Tradução livre APPASSI

Em 1937, a Ellen de 17 anos e a sua irmã Nelly de 12 anos, viviam com os pais em Paris. O pai das jovens, de nacionalidade americana, voltou para os Estados Unidos da América para assegurar vistos para toda a família. Infelizmente, semanas após a sua chegada, foi encontrado morto em Chicago, por tuberculose.

Estando presa em Paris, sem possibilidades de migração, a mãe, de origem judaica e romena, decidiu converter-se a si e às suas filhas ao catolicismo em 1941. Contudo, esta ação não foi suficiente para evitar o seu destino terrível nos anos que se seguiram, num campo de concentração, pela mão dos Nazis em 1944.

Após a Segunda Guerra Mundial, a Ellen e a Nelly, estavam a viver num convento católico em Versalhes, França. Estavam órfãs e sem esperança.

Foi a sua tia judaica, há muito desaparecida, em Nova Iorque, que indagou pelo paradeiro das raparigas e contactou uma agência para ajudar a localizar as jovens; a agência encontrou-as e quis colocar as irmãs num lar de crianças judias com o objetivo de as preparar para migrar para a Palestina. As jovens recusaram liminarmente o plano e foi nesse momento que o Serviço Social Internacional (SSI) interveio.

Para o SSI, era importante avaliar se a sua tia tomaria devidamente conta das irmãs ou se, pelo contrário, com a proposta feita pela agência, as raparigas teriam um futuro melhor na Palestina, num lar para crianças judaicas. Isto significava muito mais do que avaliar apenas a estabilidade económica, a casa ou a educação adequada. Significava também uma compreensão da experiência traumática das jovens e a aceitação do seu passado, necessidades e o seu melhor interesse. Em geral, um sítio a que pudessem verdadeiramente chamar casa.

O SSI efetuou entrevistas e aconselhamento, e realizou estudos domiciliários e avaliações psicológicas. Depois de 18 meses de meticulosa organização e de garantir que toda a documentação legal estava em ordem, as jovens puderam reunir-se com a tia-avó e a sua família em Nova Iorque, que incluía o marido e a filha mais velha. A Ellen e a Nelly estavam, entretanto, a fazer amigos, a frequentar a escola, a estudar inglês, a estabelecer conexões significativas e a fazer de Nova Iorque a sua nova casa. Em geral, num sítio a que podiam verdadeiramente chamar casa.

O SSI estava determinado a encontrar uma solução que fosse do superior interesse destas jovens. No final, depois de avaliar as suas necessidades individuais e personalidades, o SSI considerou que seria mais positivo encontrar-lhes uma casa com a sua família de origem, apesar das diferenças religiosas. Este interessante caso multifacetado tornou-se, então, um instrumento de ensino para a formação de assistentes sociais, em métodos de trabalho de caso, na Escola de Serviço Social da Universidade de Columbia.

Os civis, especialmente as crianças, são os mais afetados pelas guerras. Em todo o mundo, e ao longo de mais de 100 anos, o SSI estabeleceu o ritmo e uma metodologia rigorosa para ajudar as famílias e as crianças a reunirem-se e a encontrarem um lugar a que possam chamar casa.

Fonte:

Site de comemoração dos 100 anos do SSI

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