100 Anos de Serviço Social Internacional
O ‘Comité no Universo’: a história das mulheres fundadoras do SSI
Texto original de Ana Maria Banos, Estudante do 3º ano de Relações Internacionais e Comunicações, da Universidade Pontifícia Comillas, Madrid.
Tradução livre APPASSI
Um conjunto de mulheres fundou o Serviço Social Internacional (SSI), deu-lhe um nome, uma finalidade, e tinha uma visão clara do que se deveria tornar o trabalho social depois dos difíceis anos da Primeira Guerra Mundial.
A Primeira Guerra Mundial tornou-se a primeira guerra na qual, pela primeira vez, houve envolvimento internacional e interesse de vários países. Esta guerra trouxe convulsão económica e fome, afetando as vidas de civis em muitos países, e no total tirou a vida a cerca de 16 milhões de pessoas. A Grande Guerra proporcionou um espaço para uma profunda preocupação de vários países e para o envolvimento internacional com os milhões de pessoas que fugiam dos seus países à procura de uma vida melhor noutros locais.
Na época, ninguém se referia a ela como Primeira Guerra Mundial. No entanto, as realidades da guerra e as suas consequências tornaram-se a fonte de um período revolucionário no qual as pessoas contemplaram e repensaram o mundo em que viviam. Várias organizações filantrópicas e assistentes sociais começaram a ver novas questões que precisavam de ser abordadas como a deslocação, a deportação, a migração forçada e a separação de famílias e crianças. Estes desafios precisavam de ser encarados de uma forma diferente, que ultrapassasse as fronteiras dos países.
Nos anos 1920, assistiu-se a um crescimento do trabalho humanitário internacional e, no mesmo período, o Serviço Social Internacional foi criado. O SSI (anteriormente conhecido como Serviço de Migração Internacional) foi um ator significativo durante esse tempo e continua, hoje em dia, a ser relevante. Foi cofundado por várias assistentes sociais, mulheres, do Reino Unido, Estados Unidos da América, Noruega e Suécia, que manifestaram a sua vontade e a necessidade de prestar trabalho humanitário para além das fronteiras de um país, com novos temas como a circulação transfronteiriça de pessoas.
Três mulheres em particular definiram a visão para o SSI, nomeadamente Mary Hurlbutt, Ruth Lamed e Suzanne Ferrière que se referiram a si próprias como o Comité no Universo (Commitee on the Universe). Este Comité no Universo sinalizou a necessidade de colocar os interesses internacionais acima dos interesses nacionais. A sua ambição era a de criar uma organização que fosse capaz de ajudar famílias e crianças em todo o mundo, uma expansão do que significava ser assistente social e de como tal era concebido na altura. Elas acreditavam que a migração, quer fosse forçada ou livre, produzia uma nova forma de sofrimento que precisava de ser reconhecida, nomeadamente a rutura de laços familiares pela distância e pelas fronteiras. Isto tornou-se o princípio basilar e a força motriz que orientou o trabalho do SSI.
100 anos após a sua criação, o SSI expandiu as suas ações através de vários continentes, presente em mais de 120 países, auxiliando famílias de todo o mundo. O SSI continua a ser necessário para responder aos desafios migratórios de um mundo sempre conectado e em constante mudança.
Fonte:
Site de comemoração dos 100 anos do SSI
Visite o site www.100yearsiss.org e conheça a história dos 100 anos do Serviço Social Internacional.